Como Funcionam os Controles e Proteções de Um Motor Diesel? (Parte 1 - Sistema de Partida)
Ricardo Figueiredo
Vemos também um conjunto solenoide (também conhecido como "Automático do Motor de Partida") que, quando é energizado através do relé de partida, move para frente a alavanca de deslocamento fazendo o pinhão encaixar na cremalheira. Ao mesmo tempo em que a alavanca é deslocada os contatos de força deste conjunto são fechados alimentando o motor de partida pela bateria, fazendo o eixo deste girar movimentando a cremalheira e por consequência girar o virabrequim e os pistão que provocará a compressão do combustível iniciando a queima no interior dos cilindros.
Prosseguindo nossa série sobre motores diesel aplicados em grupos Geradores singelos (sem paralelismo), vamos falar a respeito da proteção e controles necessários. Neste artigo falaremos a respeito da partida destes motores.
Imagem do site: Blog mixauto.com
Partida de um motor diesel:
Como vimos nos artigos anteriores, os motores ciclo diesel funcionam com a ignição (queima) do combustível de forma espontânea, sem a necessidade de haver uma faísca ao atingir uma taxa de compressão em torno de 1/20.
Se o motor está parado, como será iniciada a ignição?
É aí que entra o motor de partida. Este componente será responsável por fazer o motor diesel girar até atingir uma velocidade mínima de 250 e no máximo 350 RPM para que possa ser iniciada a queima do combustível nos cilindros e, a partir daí, o motor funcionar de forma autônoma.
Mas..., e como funciona este sistema de partida?
O motor de partida ou motor de arranque possui a estrutura conforme o desenho esquemático a seguir:
A cremalheira é acoplada diretamente ao eixo do motor e é uma grande engrenagem com dentes. Logo a seguir vemos o pinhão (também conhecido por "bêndix") é uma outra engrenagem com dentes que é acoplada ao eixo do motor de partida. Com o motor em repouso ou em funcionamento a velocidade nominal teremos estas duas engrenagens afastadas uma da outra.
O motor de partida deverá ficar acionado até atingir uma rotação de 250 a 350 RPM quando deverá ser desligado fazendo a alavanca de deslocamento recuar através da força de uma mola que vemos da referida figura.
O motor de partida será danificado se continuar acoplado à cremalheira com velocidade superior a 350 RPM. Para minimizar este problema, alguns motores de partida são fabricados com o pinhão crescente, ou seja, o pinhão é montado sobre uma engrenagem que permite ao mesmo assumir velocidades superiores a velocidade do eixo do mesmo sem provocar arrasto. Esta técnica é semelhante ao sistema de engrenagens de uma bicicleta que permite o pneu atingir velocidades superiores a do pedal sem que isto acarrete em arrasto para os pés do ciclista.
Mesmo utilizando esta técnica do pinhão crescente, se o motor de partida ficar acionado além do máximo permitido ele será danificado, pois além de não ter sido projetado para passar muito tempo em funcionamento, existe um limite para a diferença de velocidade entre a cremalheira e o eixo do motor de partida que este conjunto de engrenagens suportará.
Pelo que foi exposto fica clara a importância de que sejam previstos sistemas de corte de arranque nas automações de grupos geradores a fim de que garantam o desligamento e desacoplamento do motor de partida antes que a velocidade de 350 RPM seja atingida. Outra proteção deve ser prevista: Não deve ser permitido o acionamento do motor de partida enquanto o motor diesel estiver em funcionamento, caso isto ocorra o pinhão e o motor de partida podem sofrer sérios danos.
Que sistemas de corte de arranque podem ser utilizados?
Diante do que expomos vemos a importância de termos um eficiente sistema de corte de arranque. Para que este sistema seja realmente seguro e eficiente é costumeiro se adotar mais de um sistema associando-os em uma lógica AND, ou seja, a informação de que o motor seja desligado prevalece.
Veremos a seguir os principais sistemas de corte de arranque adotados:
Medição da velocidade pelo pick-up magnético: De longe é o método mais preciso e mais confiável que temos. O pick-up magnético é composto de uma bobina com suas espiras em torno de um núcleo de ferrite imantado instalado por cima da cremalheira. Toda a vez que um dente da cremalheira passa diante do pickup há um aumento no fluxo magnético e é gerado um pulso de tensão induzida na bobina. A contagem destes pulsos em uma base de tempo será diretamente proporcional a velocidade em RPM do Motor e, desta maneira, fica fácil determinar o ponto de corte do arranque e impedir que o mesmo seja acionado enquanto o motor diesel esteja funcionando.
Frequência do do alternador principal: Sabemos que os alternadores de 4 polos para manter a frequência em 60 Hz necessita girar a uma velocidade de 1800 RPM. desta maneira é fácil entender que a cada Hz teremos 30 RPM e para termos o corte de arranque em 350 RPM teremos o alternador principal a 11,7 Hz. Este método pode falhar, caso o alternador principal não estiver gerando.
D+ do Alternador de Carga de Baterias: O alternador de carga de Baterias possui um terminal chamado de D+. Este terminal atinge um potencial positivo em relação ao 0V da bateria assim que o motor atinge cerca de 400 RPM. Por tanto ele pode ser utilizado como uma segunda alternativa ao corte do arranque.
W do Alternador de Carga de Baterias: Em alguns alternadores de carga de baterias existe um terminal denominado de "W". Este terminal fornecerá uma frequência proporcional a velocidade do motor diesel e também pode ser utilizado para "informar" à automação do grupo gerador o ponto do corte do arranque.
Todos os sinais acima relacionados podem ser utilizados, tanto para efetuar o corte do arranque como para impedir que o motor de partida seja acionado com o motor diesel em funcionamento.
Para casos bem específicos, existem sistema de partida a ar comprimido, sistema este que é utilizado principalmente em áreas classificadas com risco de explosão ou incêndio. Por enquanto não é nosso objetivo abordar este sistema de partida.
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Espero que tenham gostado. Por favor, comentem e falem do que gostaram, sugiram assuntos que gostariam de ver abordados e tirem suas dúvidas.
Vejam nossos artigos anteriores na ordem em que foram publicados, caso não tenham lido ainda:
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Parabéns Ricardo, ficou muito bom! Essa primeira parte sobre o sistema de partida do motor do gerador. Bem explicado!
ResponderExcluirObrigado, estamos tentando melhorar ainda mais.
ResponderExcluirJá tô esperando a parte dois, sou técnico e automação e daqui a alguns semestres engenheiro eletricista fiquei impressionado pela riqueza do material! Espero que tenha mais!
ResponderExcluirObrigado. Tem mais material sim. Ao final de cada artigo temos os links dos demais artigos já postados. A cada semana estou postando mais um ou dois artigos novos.
ExcluirGostaria de ser notificado sobre seus conteúdos. Tem algum grupo telegram ou what's?
ResponderExcluirTemos sim, me mande o Número do seu whatsapp que eu incluo no grupo.
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